Quase Sagrado

"O pensamento, d cil voz do ser, procura encontrar-lhe a palavra atrav s da qual a verdade do ser chegue linguagem. Apenas quando a linguagem do homem historial emana da palavra, est ela inserida no destino que lhe foi tra ado. Atingido, por m, este equil brio em seu destino, ent o lhe acena a garantia da voz silenciosa de ocultas fontes. O pensamento do ser protege a palavra e cumpre nesta solicitude seu destino. Este o cuidado pelo uso da linguagem. O dizer do pensamento vem do sil ncio longamente guardado e da cuidadosa clarifica o do mbito nele aberto. De igual origem o nomear do poeta. Mas, pelo fato de o igual somente ser igual enquanto distinto, e o poetar e o pensar terem a mais pura igualdade no cuidado da palavra, est o ambos, ao mesmo tempo, maximamente separados em sua ess ncia. O pensador diz o ser. O poeta nomeia o sagrado." Martin Heidegger]. Deixando "transparecer" um mist rio do Ser, a poesia fenomenol gica e neo-simbolista de Quase Sagrado converge para uma media o entre exist ncia e transcend ncia atrav s de um conte do que desnuda o di logo entre a finitude e a infinitude que se imp e experi ncia do homem como um ser em devir, remetendo dimens o metaf sica da realidade vivida e linguagem como possibilidade de revela o do Absoluto em uma rela o que atribui ao po tico a condi o origin ria, qual seja, um lugar de escuta e de resposta que mais do que a representa o das coisas, se lhes confere ser e presen a. Propondo uma viagem interior ao Ser atrav s de uma abordagem meditativa que possibilita a emerg ncia do essencial em sua condi o oculta, Quase Sagrado desvela a riqueza do mist rio inesgot vel que envolve a Sua manifesta o que, escapando ao exerc cio de fundamenta o atrelado ao pensamento, mant m-se sob o abrigo da linguagem que, longe de consistir em um mero instrumento de comunica o ou exterioriza o, encerra o pertencimento do homem em sua individualidade concreta e subjetividade emp rica s fronteiras da linguagem e implica que a rela o do sujeito com a linguagem acena com a sua pr pria rela o com o Ser. Dessa forma, convergindo para o m tico abismo da origem, Quase Sagrado escapa concep o humanista que atribui ao homem o poder de autoconstitui o do eu transcendental e a capacidade de autossufici ncia, na medida em que pretende conservar a precariedade da condi o que caracteriza a rela o do sujeito com o Ser atrav s do simb lico e da linguagem da met fora que, dialogando com o horizonte pobre e fragment rio do claro-escuro, encerra a possibilidade de revela o que o atalho l gico-racional nega, tendo em vista guardar o sentido que somente emerge na err ncia e no jogo sem c lculo e destitu do de objetivo de um pensamento que n o imp e verdade uma no o baseada na certeza das representa es do sujeito em sua ilus ria soberania mas vislumbra na sua constitui o a oculta o e a dissimula o em um movimento que implica o desvelamento do Ser e o retorno ao seu fundamento.