O Mestre Que Sabe Que Nao Sabe

A consci ncia de que se ignora, diriam fil sofos como S crates, um estado bi filo, de plenitude do ser, justamente porque esse ser, na busca pela sabedoria; quanto mais na sua dire o, descobre sempre que mais ainda ignora. O pr prio S crates dizia, perante os seus disc pulos, sua c lebre m xima: "Sei apenas que nada sei." Ignorar, nesse sentido, est com o significado distante de qualquer ess ncia e/ou car ter pejorativo e colocado como um est gio de sabedoria do ser em que o ser tem a humildade de saber que n o sabe; de saber que ignora cada vez mais e mais quando em dire o ao caminho do saber. Todavia, preciso dizer: saber que se ignora, ignorar, n o pode ser entendido como sendo o mesmo que "ignor ncia." Saber que se ignora , a partir dessa constata o, poder vir a superar a condi o ignorante de ignorante. Ignor ncia o que faz o indiv duo desconhecer algo ou um objeto de estudo qualquer e, ao mesmo tempo, desconhecer que desconhece o que se desconhece. Ou seja, ignor ncia 1- Ignorar a si; 2- Ignorar o mundo a sua volta; e, ao mesmo tempo: 3- Ignorar que se ignora; 4- Ignorar que se est ou que se ignorante. H , inclusive, nesse tipo de ignor ncia, muitas vezes, certezas absolutas a respeito daquilo que se acha que se sabe. A EST RIA E O SENTIDO DESSE LIVRO Assim como tantos outros, esse livro nasceu a partir de um momento de n useas, caos existencial, no qual todo ser pensante, mais cedo ou mais tarde, tende a passar, e onde todos os valores s o postos em xeque, sendo pass veis de quebras, a marteladas, como nos diria Nietzsche. Depois das n useas e do caos, s resta ao ser tr s possibilidades: A) Voltar a ser ele mesmo; B) Tornar-se patol gico; C) Ou transcender. Na primeira, o ser n o evolui: quer ser ele mesmo, o mesmo eu sempre; Na segunda, o ser perde a l gica da raz o e aprisiona-se patologicamente no seu pr prio mundo; Na terceira, o ser pode transcender, isto , passar a criar e dar sentido para a sua exist ncia, para a realidade em que vive, transformando-a ao transformar-se, ou seja, renovando-se pela renova o do seu pr prio entendimento. Optei pela terceira e, assim, nasceu essa, como tantas outras obras. "Poesofias," portanto, s o OBRAS cujas ess ncias s o tem ticas de cunho filos fico, com fundamenta o em epistemologias de pensadores independentes, como em diferentes escolas filos ficas. Todavia, traz em si o olhar, o ato de filosofar original do autor, a partir das seguintes premissas: 1) Na sociedade capitalista em que se vive, como diria Sartre, "tudo apar ncia e engano." 2) Os valores do capital, nos quais ressaltamos o Consumismo, o Individualismo, a Meritocracia e a Mercantiliza o de todas as coisas, sejam elas materiais ou imateriais, t m sido estabelecidas como uma esp cie de corol rio Capitalista de Estado. Ou seja, sistematizados como conte do tico de toda a sociedade, principalmente atrav s das institui es educativas, nas quais destacamos direta e sistematicamente a Escola. Nesse sentido, acreditamos que "cidad o" aquele que, al m de possuir os direitos de cidadania, tamb m aquele que participa ativamente dos rumos da p lis. Sendo assim, esta obra tem a finalidade de possibilitar aos diferentes grupos sociais o desenvolvimento dos caminhos para a tomada de consci ncia sobre tem ticas bvias do cotidiano, mas, que, ao mesmo tempo, s o complexas e paradoxais, despercebidas a olho nu. Possibilitar o "estranhamento" do bvio, o desvelamento do comum, a partir de um olhar filos fico, eis a finalidade desta obra. Esperamos que ela possa contribuir forma o de uma gera o menos alienada e descomprometida com as quest es sociopol ticas, humanistas, humanit rias, e, portanto, mais consciente, mais humanizada e/ou mais emancipada intelectualmente, transformadora de si e da realidade do mundo desumanizador em que se vive.