Crônicas da Crise

Estes tr s livros re nem pequenos textos publicados na Internet ou em jornais e revistas entre 2004, quando as pol ticas sociais e educacionais do governo Lula come am a ganhar forma, e 2017, em meio a uma crise pol tica, social e econ mica profunda, em que todos se indagam, ou deveriam se indagar, sobre o que deu errado na experi ncia desse per odo, e que alternativas temos pela frente. O crescimento da economia, a expans o dos gastos sociais, o vigor dos debates e das campanhas eleitorais, tudo isto criou a esperan a, para muitos, de que o pa s finalmente estaria mudando de patamar, deixando de ser um pa s subdesenvolvido marcado pela pobreza, baixa produtividade econ mica e instabilidade pol tica, e se transformando em uma moderna democracia menos desigual e com uma popula o cada vez mais educada e produtiva. A educa o, crescendo em todos os n veis e envolvendo recursos cada vez maiores, seria o grande instrumento para este salto de qualidade. Eu tamb m compartia a esperan a de que isto seria poss vel, mas, desde o in cio, vi com muitas reservas as pol ticas sociais e educacionais que foram adotadas pelos sucessivos governos de Lula e Dilma, n o s pelos equ vocos que procurava identificar, mas sobretudo pelo contexto pol tico mais amplo em que estas pol ticas se davam, e que n o permitiam que elas fossem diferentes do que foram. Participei, nestes anos, de diversos debates p blicos sobre bolsa fam lia, reforma universit ria, pol tica de cotas e a reforma do ensino m dio, entre outros, sempre com a sensa o de que, independentemente da qualidade dos argumentos, que n o eram s meus, as decis es seguiam uma outra l gica na qual a pertin ncia das ideias n o tinha muito lugar. Pode ser que a crise atual crie a oportunidade para construir uma nova l gica de implementa o de pol ticas p blicas, onde a evid ncia dos dados, o ac mulo de conhecimentos da literatura especializada e a for a dos argumentos tenham mais espa o.